domingo, 26 de abril de 2009

encontros casuais





- então... você costuma vir aqui?

- você sabe que sim. e eu sei que você andou atrás das minhas amigas.

- desculpe, é verdade. mas eu não minto, tive uma relação intensa com todas elas.

- e o que isso poderia significar?

- eu estive realmente envolvido com elas até o fim...

- e o que aconteceu no fim?

- nossa relação não tinha mais conteúdo, elas se tornaram tão secas e vazias...

- oh, eu sinto muito. venha, vamos conversar mais um pouco. de alguma forma eu sinto que você precisa de alguém como eu para lhe acompanhar nessa noite.

- que nossa noite seja eterna enquanto dure.

______________________________________


A última gota que posso sorver
nos lábios vítreos de minha amante
me entristece com o fim do romance
eu e minha garrafa de vidro

nosso amor resiste à distância
e ao desgaste do tempo
logo que a vejo cessa o meu tormento
e ela me controla

quero sempre e eternamente mais
na busca pela tranqüilidade sombria
que não encontro senão quando
embebido, enebriado, atordoado

bebo até o fim do copo
até o fim da consciência
quero viver até esquecer
esquecer de tanto beber
o sabor amargo da vida
disfarçado no álcool da bebida

domingo, 19 de abril de 2009

ambições



acordo meio dia e olho para os lados - nenhum sinal de alma viva. levanto e tento chegar à cozinha apesar da tremenda dor de cabeça que me ataca. pelo caminho, desvio de garrafas vazias. bravas guerreiras, lutaram até o último minuto para embebedar todos aqueles que ousaram profanar o seu conteúdo.

na cozinha, bitucas, limão, sujeira e nenhuma comida. não consigo me lembrar quando foi a última vez que comi, mas isso também não importa agora. muito menos me importa quem vai limpar toda essa bagunça. isso não é problema meu.

passo a tarde divagando sobre minha vida, meus planos [ou a ausência deles]. não consigo entrar em consenso comigo mesmo e isso me faz fumar um cigarro atrás do outro.

'como as pessoas são fúteis'. pensamento recorrente. é difícil acreditar que eu me entreguei a esse impulso de viver sem conseqüências, como se não pudesse fazer realmente nada significante a não ser destruir a minha própria vida com flash backs e cânceres de pulmão.

estou determinado a mudar. levanto, visto-me para sair e procurar um pouco de inspiração pessoal. então, o telefone toca:

'oi, vamos pra casa da bi hoje. quer beber com a gente?'

...

'talvez eu possa ser alguém melhor amanhã.'

a porta se fecha e com ela o desejo de algo mais.

sábado, 18 de abril de 2009

fantasia





a fuga da realidade é vivenciada quase que diariamente por várias pessoas [eu sou uma delas]

seja ela um artifício para escapar dos reais problemas do ser humano ou não, pouco me importa: poder voar por entre os meus anseios sempre será um dos meus melhores passatempos.

________________________

experimento a fantasia
para que meus sonhos
me transformem em ser vivo

fujo da realidade
para sustentar-me
do que não posso ter

vivo duplamente
para sentir a dor do que é
e a esperança do que poderia ser

reflexões sobre a vida do estudante independente


[2008]



já eram mais de 11 horas da noite. pensei: 'devo comer alguma coisa, só almocei e comi uns restos da pizza que me deu essa azia maldita'

saí de casa, ainda mais pensativo. deveria comprar cigarros? provavelmente, sim. se fosse comer fora, poderia fumar enquanto esperava. ademais, o final de semana me espera e é nele que eu desconto minha falta habitual de nicotina na semana.

decidi, então, ir primeiro ao posto, para comprar cigarros, e, em seguida, dirigir-me à lanchonete e fazer meu tradicional pedido de um dog prensado na chapa.

tracei um caminho incomum, mais longo, até o posto. refleti sobre minha ida à praia daqui a umas 3 semanas e sobre minha fraquíssima fome.

subitamente, falei em meus pensamentos: 'porra, eu não tô com fome, pra que vou comer? além disso, hoje é sexta e eu vou ficar em casa. cadê a diversão?'

a decisão foi imediata como o efeito do primeiro trago: vou ao supermercado comprar bebida, a comida que se foda.

cigarros comprados, passo ao supermercado. novo pensamento: qual bebida?

poderia ser um vinho barato ou até mesmo uma pinga. lembrei da mensagem que meu pai mandara mais cedo: 'depositei 40 reais na sua conta' aquilo me animou

sem maiores devaneios, pus-me no Gimenes e comprei 10 long necks de Heineken.

17,90. parece justo para quem vai se embriagar com algo decente.

durante o caminho de volta, mais palavras foram surgindo na minha cabeça: 'é, tô indo rumo ao alcoolismo. bom, que se foda, isso eu resolvo quando chegar a hora'

meras reflexões sobre a vida do estudante independente. e ainda há quem diga que não encontramos diariamente um novo dilema a ser enfrentado...

cheers